Recentemente conversando com
uma amiga cristã sobre a vivência da fé na atualidade começamos a refletir
sobre o que é essencial no exercício da fé. Em nosso diálogo comparávamos a
igreja institucionalizada com o modo livre como viviam as primeiras
comunidades, sem templo, sem liturgia, sem instrumentos musicais, sem
microfones, nem púlpitos, sem datashow, sem ar condicionado e outras
tecnologias cuja falta hoje inviabilizaria o culto na perspectiva de alguns.
Por essas e outras facilidades
o templo foi equivocadamente transformado
no centro da prática da fé e do testemunho cristãos. A fé cristã, portanto, se
tornou condicionada ao templo, um cristianismo de estufa. Por causa disso se
faz necessário, para sua sobrevivência, dotar o templo de todos os artefatos
tecnológicos para maior conforto dos participantes e melhor qualidade do
espetác..., digo, do culto.
Não se discute a importância
desses itens no atual contexto da sociedade.
Mas, ainda que se reconheça a utilidade da tecnologia nas celebrações,
não se pode cair no absurdo de fazer dela o fator decisivo para que o culto
aconteça, ou seja mais animado, ou que seja mais inspirativo.
A intensidade do culto está, em verdade,
atrelada à profundidade da vida espiritual do povo que se reúne para adorar,
afinal – perdoem-me repetir essa afirmativa tão conhecida no meio evangélico
- é em cada adorador que habita o
Espírito Santo e não nos equipamentos ou no templo.
O culto comunitário,
portanto, não é responsabilidade exclusiva do pastor, dos músicos, ou de alguma
autoridade eclesiástica, mas da congregação. Cada discípulo é um ministro (servo)
chamado a servir a Deus com sua adoração. E esta, no culto comunitário, apenas
ressoa aquilo que cada um vive no seu cotidiano.
Além disso, o culto comunitário
não tem a finalidade de atender a gostos estéticos ou emocionais de seus
participantes. Deve ser reconhecido como um espaço de serviço a Deus cujo
objetivo, segundo I Co 14:26-30, é a
edificação do “corpo”, isto é da comunidade, através das orações, da instrução e do encorajamento mútuo entre os irmãos. O culto comunitário deveria ser mais do
que simples ajuntamento para cantar.
Nessa perspectiva o templo,
com seu aparato se transformou num fator de acomodação viciante que vem reduzindo
a experiência de culto a um momento de entretenimento, porque cada pessoa,
geralmente, se dirige ao templo com suas expectativas voltadas para aqueles que
farão o culto: seja a equipe de louvor, o pastor, etc..
Conquanto se deva primar
sempre pela excelência em tudo – e esse
é um mandamento bíblico – não se pode confundir excelência técnica com unção
espiritual. O cristão espiritualmente maduro perceberá a diferença. Neste
assunto é perfeitamente aplicável o princípio da oferta da viúva pobre quando Jesus observou que o montante de recursos
ofertados pela maioria não se comparava em qualidade às duas moedinhas daquela
senhora.
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