Em 1989, entre os meses de fevereiro e Setembro, foi levada ao ar, pela TV Globo, uma novela entitulada “Que Rei Sou Eu?”. Escrita por Cassiano Gabus Mendes, a trama se passava no ano de 1786, pouco antes da Revolução Francesa, no pequeno reino de Avilan, na França, onde predominava a corrupção entre os políticos e a injustiça permeava todas as esferas da sociedade.
Em torno da Rainha, a desvairada Valentine, acercavam-se conselheiros mal intencionados e interesseiros dos quais Bergerac era a única exceção. A novela teve audiência formidável tendo atingido a marca dos 61 pontos no horário. Um sucesso inegável. Tal pico de audiência ocorreu porque a novela conseguia fazer uma crítica inteligente à classe política brasileira misturada a uma boa dose de humor. Era uma espécie de caricatura encenada da situação brasileira naquele período, mas, passados dezenove anos, continua atual.
Havia um personagem interpretado pelo ator Antonio Abujamra que simbolizava uma espécie de “eminência parda” do reino. Vivia nos bastidores do poder articulando golpes e gerando situações com o objetivo de manter a estrutura de poder inalterada favorecendo os de sempre. Era o misterioso Ravengar. Figura enigmática e sinistra. E é justamente Ravengar quem emite a afirmativa mais lúcida e mais cruel sobre o futuro político do Brasil. Numa de suas visões, através de sua bola de cristal, Ravengar afirmou: - Vejo um grande país e que se tornará um grande exemplo. Perguntado por um outro personagem que país seria esse e que grande exemplo daria, Ravengar respondeu peremptório: - Um grande exemplo de corrupção e vagabundagem. Em seguida aparecia na bola de cristal o mapa do Brasil.
Ora, os episódios que vem ocorrendo no Brasil no âmbito político confirmam diariamente as funestas previsões do mago. Mensalão, sanguessugas, dólares na cueca, Renan Calheiros, para ficar nos mais escandalosos são a prova cabal de que o mago tinha razão, para tristeza, vergonha e sofrimento de todos aqueles que guardam algum senso moral. E, pior do que os fatos em si são os acordos e conluios articulados nos subterrâneos das casas legislativas para acobertar tais crimes e proteger os criminosos.
Felizmente, assim como entre os conselheiros corruptos de Valentine, havia Bergerac que se manteve incorruptível, existe, no Senado e na Câmara, uma minoria que tenta fazer valer a justiça. A sociedade precisa identificá-los e fortalecê-los, além de punir nas urnas aqueles que não respeitam o povo que os elegeu. Enquanto isso não acontece vai prevalecendo na esfera política brasileira a trágica profecia de Ravengar.
sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
A PROFECIA DE RAVENGAR
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O grande problema que permite a concretização da profecia de Ravengar, é que a corrupção parece ser um traço dos brasileiros, sendo que os políticos apenas tem a oportunidade e os meios de concretizá-la. O que de dizer dos que recebem bolsa-família sem ter direito, ou de quem inventa despesas médicas na declaração do imposto de renda, ou quem usa carteira de estudante falsa?
ResponderExcluirNão é à toa que se perdoam os políticos corruptos e eles são sempre reeleitos. A população acaba perdoando esses deslizes. O que não perdoa é ser corrupto e alcaguete, que o diga Roberto jefferson.