Uma figura popular da minha cidade que povoou minhas memórias de infância era um sujeito conhecido pelo obsceno nome de “Chupa Ovo”. Ninguém sabe exatamente a origem desse infeliz apelido. Talvez fosse mesmo obra da crueldade dos meninos daquela cidadezinha que eventualmente o acuavam tentando impedir sua caminhada... O nome verdadeiro jamais soubemos.
Era um homem franzino e baixinho. Uma calva ampla abria caminho através dos cabelos crespos e sujos fazendo surgir tufos irregulares nos lados da cabeça pequena. O olhar distante dava a idéia de que estava sempre concentrado em idéias profundas.
Em passos rápidos e curtos era visto sempre andando pelas ruas. Um andar compulsivo, contínuo, num ritmo que parecia já inscrito nas dobras de seu ser. Um caminhar decidido de quem tinha um destino claro já traçado e pressa de chegar. Qualquer tentativa de impedi-lo provocava uma irada e resmungante reação. Costumava falar sozinho enquanto andava. Quem passava por ele ouvia um sussurro indecifrável.
Odiava água. Para ele água somente para beber e com muito cuidado para que nenhum respingo lhe atingisse o corpo. O único obstáculo à continuidade de seu caminhar obstinado era água. Se suspeitasse que havia água no caminho ou, se alguém o ameaçasse com uma vasilha d’água o “Chupa Ovo” mudava sua trajetória fazendo um amplo desvio que lhe desse a segurança de que estaria livre do líquido fatal.
Às vezes sumia-se o “Chupa Ovo”. Perdia-se a notícia dele. Quando já se estava quase a perder sua lembrança inesperadamente ele reaparecia pelas velhas ruas pavimentadas de paralelepídedos com as roupas gastas, puídas pelo uso e pela sujeira. Da camisa em tiras e ensebada não era possível saber mais a cor. Daquilo que outrora fora uma calça restava apenas molambos que só iam até o joelho tão suja e destruída quanto a camisa. Nos pés somente alças presas a rotos pedaços de borracha lembravam o que fora antes uma sandália havaiana.
De volta à casa os familiares o apanhavam sob protestos, davam-lhe banho, cortavam-lhe o que restava do cabelo e vestiam-no com roupas e calçados novos. Estava pronto o “Chupa Ovo” para uma nova temporada de andanças pelas trilhas áridas da caatinga de onde retornava, períodicamente, sob o impulso do que lhe restava de memória.
Era um homem franzino e baixinho. Uma calva ampla abria caminho através dos cabelos crespos e sujos fazendo surgir tufos irregulares nos lados da cabeça pequena. O olhar distante dava a idéia de que estava sempre concentrado em idéias profundas.
Em passos rápidos e curtos era visto sempre andando pelas ruas. Um andar compulsivo, contínuo, num ritmo que parecia já inscrito nas dobras de seu ser. Um caminhar decidido de quem tinha um destino claro já traçado e pressa de chegar. Qualquer tentativa de impedi-lo provocava uma irada e resmungante reação. Costumava falar sozinho enquanto andava. Quem passava por ele ouvia um sussurro indecifrável.
Odiava água. Para ele água somente para beber e com muito cuidado para que nenhum respingo lhe atingisse o corpo. O único obstáculo à continuidade de seu caminhar obstinado era água. Se suspeitasse que havia água no caminho ou, se alguém o ameaçasse com uma vasilha d’água o “Chupa Ovo” mudava sua trajetória fazendo um amplo desvio que lhe desse a segurança de que estaria livre do líquido fatal.
Às vezes sumia-se o “Chupa Ovo”. Perdia-se a notícia dele. Quando já se estava quase a perder sua lembrança inesperadamente ele reaparecia pelas velhas ruas pavimentadas de paralelepídedos com as roupas gastas, puídas pelo uso e pela sujeira. Da camisa em tiras e ensebada não era possível saber mais a cor. Daquilo que outrora fora uma calça restava apenas molambos que só iam até o joelho tão suja e destruída quanto a camisa. Nos pés somente alças presas a rotos pedaços de borracha lembravam o que fora antes uma sandália havaiana.
De volta à casa os familiares o apanhavam sob protestos, davam-lhe banho, cortavam-lhe o que restava do cabelo e vestiam-no com roupas e calçados novos. Estava pronto o “Chupa Ovo” para uma nova temporada de andanças pelas trilhas áridas da caatinga de onde retornava, períodicamente, sob o impulso do que lhe restava de memória.
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