
A idéia de se organizar objetos antigos para apresentá-los em exposição a um determinado público surgiu no Século XV. A expansão marítima dos séculos XV e XVI, levou os europeus a outras partes do mundo – África, América e Ásia - onde grupos humanos diversos viviam submetidos a outros códigos culturais e a outras formas de entender a vida bem diferentes daqueles vivenciados na Europa. Essas expedições, que buscavam, basicamente novas rotas comerciais recolhiam, além dos cobiçados tesouros dessas regiões, obras de arte e objetos curiosos e os tornavam propriedade dos príncipes e das famílias nobres. Tais objetos eram transformados em símbolos de poder político e econômico.
A concepção moderna de museu, porém, só foi estabelecida a partir da Revolução Francesa – final do Século XVIII - quando teve início a organização criteriosa de objetos e bens particulares e sua exposição em lugares com acesso público. O objetivo era educar históricamente a sociedade transmitindo-lhe a noção de pertencimento nacional. Ou seja, levar o povo a compreender-se enquanto herdeiro de um passado glorioso e comum. Sob essa perspectiva, reunindo um significativo acervo artístico, fundou-se em 1793, em Paris, o Museu do Louvre. Com essa mesma motivação, ao longo do Século XIX, museus foram surgindo na Europa: Amsterdã (1808), Berlim (1810), Madrid (1819), São Petersburgo (1852).
No Brasil, datam do Século XIX, as primeiras iniciativas museológicas. Surgiram o Museu Real (1818), hoje conhecido como Museu Nacional (RJ), o Museu do Exército (1864) e o da Marinha (1868), ambos no Rio de Janeiro, o Paraense (1876), o do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia (1894) e o Paulista, atual Museu do Ipiranga (1894). Tais museus guardam referência a uma história nacional baseada nos feitos de personagens oficiais como reis, princesas, generais, enfim, uma história de heróis.
Nas décadas posteriores, no entanto, vários museus regionais e locais foram surgindo a partir de uma nova perspectiva histórica que reconhece o papel importante de outros grupos sociais na formação da sociedade brasileira, como os povos indígenas, os negros, as mulheres, os pobres, que antes não tinham o seu lugar reconhecido pela história oficial.
O acervo desses novos museus é formado por objetos, obras de arte, documentos originários dos grupos sociais que viveram naquela região ou localidade como pescadores, escravos, vaqueiros, artesãos, agricultores, rendeiras e uma diversidade de outros atores históricos. Esses museus proporcionam às pessoas comuns a possibilidade de reconhecerem sua identidade e seu papel histórico.
Em Ribeirão Preto, a mais importante iniciativa museológica se concretizou efetivamente, na década de 50 com a criação do Museu Histórico, que foi resultado de esforços que já vinham se desenvolvendo desde 1938. Inaugurado em 1951, guarda objetos diversos relativos à história, à cultura popular de Ribeirão Preto, além de coleções de história natural.
Em 1955, foi inaugurado o Museu do Café, que segundo a Secretaria Municipal de Cultura, “é conhecido por guardar a mais importante coleção de peças do Estado de São Paulo sobre a história do café.” O acervo é composto por troles, máquinas de beneficiar café, peças de uso doméstico e artefatos diversos que contam a história da riqueza produzida pela economia cafeeira na região de Ribeirão Preto.
(Texto publicado na edição de abril/2010 da Revista AMPLITUDE)
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