
A partir da segunda metade do Século XVIII, os movimentos de emancipação social e política impulsionados pela independência das colônias britânicas – que vieram a se tornar os Estados Unidos da América – e pela Revolução Francesa entusiasmaram as sociedades americanas e européias. Porém os ganhos políticos daqueles movimentos não haviam trazido alterações significativas para a vida das mulheres. Sufocadas no estreito ambiente dominado pelos homens elas tiveram que empreender uma luta intensa para conquistar o direito de votar. Curiosamente, porém, o primeiro país a reconhecer o voto feminino foi a Nova Zelândia (1893).
A notícia mais remota de uma mulher reivindicando o direito de votar é do Século XVIII, quando Abigail Adms teria escrito uma carta a seu marido John Adms – que foi um dos ativistas da independência americana - solicitando que fosse incluído na Declaração de Independência dos Estados Unidos o reconhecimento do direito das mulheres ao voto. Abigail não obteve êxito em sua tentativa, mas seu gesto serviu como marco histórico dessa luta.
No Século XIX, surgiu nos Estados Unidos um movimento, que ficou conhecido como “Sufragista”, em que as mulheres exigiam o direito de eleger seus representantes. Em 1848, sob a liderança da escritora Elizabeth Cady Station, realizou-se em Nova Iorque um encontro pelos direitos da mulher onde se escreveu a “Declaração dos Sentimentos” cujo conteúdo afirmava a mulher em pé de igualdade com o homem e reivindicava uma participação efetiva no espaço público, marcadamente na política. Como resposta as ativistas sofreram violenta repressão tanto da imprensa, como da população. O movimento prosseguiu ganhando repercussão em vários estados, mas, somente em 1920, elas conquistaram plenamente o direito de votar em todo o território americano.
Na Inglaterra o movimento foi mais radical. Sob a liderança de Emmeline Pankhurst foi organizada em 1903, a Women Social and Political Union (União Social e Política das Mulheres). Sob o lema “Ações, não palavras” a Organização patrocinou greves, passeatas e mesmo atentados a órgãos públicos como o apedrejamento da Câmara dos Comuns, o centro do Poder Legislativo Inglês, em 1912. O gesto mais radical, no entanto, aconteceria em 1913, quando a ativista Emily Wilding Davison vinculada à WSPU, durante a famosa corrida de cavalos de Derby, atirou-se premeditadamente à frente do cavalo patrocinado pelo Rei George V. Atropelada com violência Emily morreu dias depois. Pessoas que estavam próximas teriam ouvido Emily gritar as palavras de ordem “Votos para as mulheres” enquanto se jogava diante do cavalo. Emily tornou-se mártir do movimento sufragista. Apesar disso, somente em 1928, o governo inglês reconheceu o direito feminino ao voto.
No Brasil a luta teve início ainda no final do Século XIX, quando a discussão sobre o assunto foi introduzida na pauta política por alguns deputados sem, contudo, ganhar a repercussão desejada. O tema voltou a ocupar espaço político em 1919, sob a inspiração de Bertha Lutz que, influenciada pelos ideais sufragistas, encampou a causa e organizou a Liga pela Emancipação Intelectual da Mulher. O direito de votar foi conquistado pelas brasileiras em 1932, na primeira fase do Governo de Getúlio Vargas. Em 1933, elas votaram pela primeira vez e nessas eleições Carlota Pereira de Queiroz foi eleita a primeira deputada constituinte brasileira.
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