sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Sem medo do futuro

Os humanos são seres irremediavelmente escatológicos. A caminhada da humanidade é a história de uma busca contínua pela felicidade cujo horizonte é o futuro. A perspectiva do futuro exerce um enorme fascínio sobre todos, seja pelas circunstâncias críticas em que se vive no presente, seja por simples curiosidade. Nos últimos tempos esse tem sido um mercado extremamente explorado e bastante próspero. Estão aí os futurólogos dos mais variados tipos - adivinhos, cartomantes, numerólogos, astrólogos e congêneres - se enriquecendo à custa dessa ansiedade humana.

O futuro sempre parece o melhor lugar para se estar. É o horizonte de onde se espera que brote alguma coisa nova e poderosa que se imponha à monotonia do cotidiano. Muitos se postam na soleira da vida esperando que o amanhã, por si só, traga o novo. No fundo a grande expectativa pelo futuro revela um enorme desejo de atribuir um sentido a existência. Uma explicação lógica para as lutas e frustrações da vida no presente.

Constantemente é possível encontrar pessoas justificando suas ações atuais em face de um futuro que, segundo julgam, lhes trará a sonhada felicidade. Estão sempre abrindo parêntesis em sua existência aguardando que alguma coisa no futuro lhes faça feliz. É comum se fazerem afirmações como: “quando eu me formar, então tudo vai mudar”; “depois que eu casar eu vou ser feliz”; “quando passar naquele concurso...”; “ah, assim que eu terminar de pagar minha casa, então vou poder fazer isso ou aquilo”, enfim, afirmações deste tipo.

Assim, vão transferindo a certos acontecimentos futuros o poder de lhes trazer a felicidade e, de certo modo, vivem um tanto ausentes do presente. Pegando esse filão as “fábricas de sonhos”, configuradas em alguns filmes de Hollywood e na mídia em geral, estão sempre vinculando a idéia de felicidade à posse de alguma coisa que a pessoa ainda não tem e tornam a felicidade muito distante senão fora do alcance da maioria. Nesta perspectiva a felicidade é sempre concebida como algo que não se tem e a vida se transforma numa angustiada busca que nunca termina gerando pessoas mais insatisfeitas e mais infelizes.

Não é sábio ficar esperando o futuro chegar para então ser feliz e sentir-se realizado como pessoa. É preciso aprender a considerar a felicidade desvinculada do conceito materialista apresentado pela sociedade de consumo. É claro que há muitas coisas que ajudam a ter uma vida melhor, não se ignora isso, porém, elas por si só não têm o condão de trazer a felicidade. A verdadeira felicidade não depende de circunstâncias externas para ser vivenciada porque se apresenta como um estado interior independente do que está à sua volta. É preciso aqui não fazer confusão de felicidade com bem estar físico ou ausência contínua de dor ou sofrimento. Não se trata disso.

Esse estado de felicidade só é possível no estabelecimento de uma relação da pessoa com Deus pois Ele conhece todas ansiedades humanas. Vem dele a promessa “Eu vim para que tenham vida e vida abundante” (Evangelho de S. João 10:10). Tal relação permitirá a cada pessoa viver feliz e com intensidade o presente independente das circunstâncias. Em lugar de ansiedades experimentará a paz e a serenidade por Ele oferecidas conforme expressas nos evangelhos: “Não se preocupem com o dia de amanhã...”(Evangelho de S. Mateus 6,34). “Jesus continuou dizendo: Não fique perturbado o coração de vocês. Acreditem em Deus e acreditem também em mim.” (Evangelho de S. João 14,1). Deixe o futuro com Ele e descanse no presente usufruindo de sua paz.

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