domingo, 13 de novembro de 2011

"Quando o sal perde o sabor..."

A palavra “evangélico”, enquanto definição de um movimento religioso, vem se tornando nos últimos 30 anos, obsoleta para definir aquelas pessoas que professam a fé cristã reformada. Houve um tempo em que identificar-se pessoalmente como “evangélico” evocava conceitos de confiabilidade, idoneidade, ainda que se achasse estranha a crença e o comportamento daquelas pessoas.

Porém, as palavras se desgastam com o tempo e com o uso, e isso é um aspecto natural do processo histórico. As palavras “morrem” quando o conteúdo que pretendem transmitir não mais corresponde cabalmente ao objeto. A palavra “evangélico”, portanto, esvaziou-se, ou foi esvaziada, perdendo sua força dinâmica sucumbindo ao que Jesus afirmara: “Quando o sal perde o sabor para nada mais presta...” (Mt 5:16ss).

Ser evangélico hoje vincula-se ao uso de um linguajar estereotipado, superficial e vazio adotado por um grupo de pessoas por mero hábito sem que haja uma ressonância prática de suas palavras nos relacionamentos e na sociedade. Além disso, nesse ambiente valoriza-se mais os rótulos e as aparências do que as essências.

A proposta de Jesus sempre foi o estabelecimento de uma comunidade onde as pessoas fossem reconhecidas apenas pelo seu valor pessoal. Uma comunidade onde cada um possa expressar suas tristezas sem ser julgado e sem despertar falsa piedade de alguns que por uma curiosidade mesquinha transforma o sofrimento alheio em matéria de fofocas e comentários maldosos.

O ideal do Reino de Deus é que cada indivíduo seja visto como um verdadeiro nascido do Espírito. Conforme afirmativa de Jesus, o nascido do Espírito não é reduzido por definições e se move no mundo embalado apenas pelos referenciais do Reino de Deus cujo exemplo máximo é Jesus Cristo.

Nesse Caminho é preciso rejeitar todos os elementos estranhos que vêm sendo agregados ao Evangelho como se dele fosse parte intrínseca, porém, nada mais são do que instrumentos de controle criados com motivação apenas mercadológica nada tendo a ver com Jesus. É necessário que se rejeite também o reconhecimento de certas “profecias” transmitidas pelos que se chamam “apóstolos”, “bispos”, “pai póstolo” e outros títulos obtidos de próprio punho sem se respeitar os critérios bíblicos e nem as comunidades de fé.

A partir dessa constatação é que se faz necessário que os seguidores de Jesus passem a nomear-se apenas como discípulos de Jesus. É claro que isso não vai alterar o estado das coisas. O que vai efetivamente produzir mudanças significativas é a adoção, pelos “crentes”, de atitudes coerentes com o que está nas Escrituras, especialmente no Novo Testamento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário