sábado, 25 de maio de 2013

Tópicos de História da Igreja - O confronto de Lutero com a Igreja Católica

Lutero tinha uma grande sede espiritual. Era um homem atormentado por conflitos interiores, sedento de paz para a alma. Queria estar em paz com. A experiência de Lutero refletia a situação espiritual do povo que a Igreja deixara de pastorear porque tinha outras preocupações que lhe eram mais lucrativas. Na tentativa de encontrar a tão sonhada salvação Lutero obedecia fielmente às prescrições da igreja.
Começando com a realização de obras de caridade, passando pelo apelo às obras e méritos dos santos da Igreja, penitências, confissões e romarias, Lutero buscou em vão alívio para sua alma. Nessa busca chegou a passar seis horas seguidas em confissão. Depois, numa romaria que fez até Roma, deparou-se com a degradação moral dos clérigos que ali viviam e, decepcionou-se.
Após longa peregrinação pessoal Lutero descobriu, lendo as Escrituras que o homem não conseguiria justificar-se a si mesmo diante de Deus. É Deus, em sua graça infinita quem se volta para os homens e os perdoa.
Entre os anos 1512 e 1513, Lutero dedicou-se ao estudo da carta aos romanos e foi nessa época que ele elaborou os princípios “só Cristo”, “só a graça”, “só a fé” e “só as Escrituras”. Lutero, portanto, não chegou às suas conclusões pela via humanista, mas pela reflexão teológica. Ele foi convencido pelas Escrituras. Com isso colocou novamente a Bíblia no centro do cristianismo. Ao questionar as bulas do Papa e, conseqüentemente a pretensa infalibilidade deste, Lutero atingiu o coração do sistema teológico que sustentava as ambições imperialistas da Igreja Medieval.
Lutero dedicou a maior parte de suas reflexões à Bíblia. Foi desse intenso estudo que surgiram suas teses. Ele leu a Bíblia sem medo de ser questionado por ela, antes deliberadamente se expôs ao juízo das Escrituras e estas lhe provocaram transformações pessoais de âmbito espiritual mas, também, de profundo alcance comunitário. Ou seja, Lutero foi convertido a Jesus, porém as conseqüências de sua conversão não se limitaram ao seu interior, elas  o extrapolaram e ganharam ambiente social.

A reação do Papa Leão X as 95 teses
Após fixar as 95 teses na igreja de Wittenberg, Lutero enviou cópias aos bispos da Mogúncia e Brandenburgo.
Ao tomar conhecimento das teses o papa Leão X  solicitou ao líder da ordem agostiniana para que convencesse Lutero a se calar. A reunião da ordem foi realizada em Heidelberg em 1518, mas produziu resultado inesperado pelo Papa: os monges agostinianos, companheiros de Lutero, se entusiasmaram com as teses e solicitaram que ele produzisse um texto esclarecendo melhor cada uma delas. Foi em resposta a essa solicitação que Lutero escreveu as Resoluções sobre a virtude das indulgências que publicou em agosto de 1518, com dedicatória ao Papa Leão X.

Lutero em Augsburgo
Houve uma sensível queda na venda de indulgências. Nessa ocasião Alberto de Brandenburgo encaminhou ao Papa uma denúncia contra Lutero. Imediatamente, em 07/08/1518, Lutero foi convocado a se apresentar em Roma no prazo de sessenta dias para se defender das acusações de “heresia e obstinação” (BUSS, in: Lutero, 1990, p. 21). Por intervenção de Frederico, eleitor da saxônia, Lutero foi ouvido na Alemanha, e não em Roma, como queria o Papa. Em outubro, portanto, Lutero se encontrou com o Cardeal Caetano em Augsburgo onde se esperava, a retratação pública do Monge, o que não aconteceu.

A trégua
O Vaticano, então, enviou Karl Von Miltitz, secretário particular do Papa, à Saxônia, para tentar convencer Frederico a entregar Lutero à Igreja. O objetivo era fazer Lutero se retratar de suas afirmações ou convencê-lo a se calar. O secretário do Papa ouviu Frederico e depois Lutero. Este concordou em não mencionar mais a questão das indulgências se, também seus adversários não mais o atacassem. E manteve-se, realmente, algum tempo em silêncio.

Polêmica em Leipzig
Porém, um sujeito chamado Eck, habilidoso no manejo da polêmica, publicou um texto desafiando Lutero para um debate. Apesar da insistência dos amigos de Lutero  que o aconselhavam a não responder àquelas provocações, o debate ocorreu em Leipzig entre Junho e Julho de 1519. O tema abordado foi de um lado, a autoridade do Papa e da Igreja defendidos por Eck. Do outro lado, a absoluta autoridade das Escrituras defendida por Lutero. 

Nesse debate o Dr. Martinho Lutero afirmou que, ao longo da História, papas e concílios haviam cometido muitos erros. Essa declaração produziu grande insatisfação no Papa. Assim, por ter questionado, abertamente, a autoridade da Igreja  e do Papa, Lutero recebeu em 02 de Outubro de 1520, a bula Exsurge Domine  que o excomungava da Igreja de Roma.

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