Lutero tinha
uma grande sede espiritual. Era um homem atormentado por conflitos interiores,
sedento de paz para a alma. Queria estar em paz com. A experiência de Lutero
refletia a situação espiritual do povo que a Igreja deixara de pastorear porque
tinha outras preocupações que lhe eram mais lucrativas. Na tentativa de
encontrar a tão sonhada salvação Lutero obedecia fielmente às prescrições da
igreja.
Começando com
a realização de obras de caridade, passando pelo apelo às obras e méritos dos
santos da Igreja, penitências, confissões e romarias, Lutero buscou em vão
alívio para sua alma. Nessa busca chegou a passar seis horas seguidas em confissão. Depois ,
numa romaria que fez até Roma, deparou-se com a degradação moral dos clérigos
que ali viviam e, decepcionou-se.
Após longa
peregrinação pessoal Lutero descobriu, lendo as Escrituras que o homem não
conseguiria justificar-se a si mesmo diante de Deus. É Deus, em sua graça
infinita quem se volta para os homens e os perdoa.
Entre os anos
1512 e 1513, Lutero dedicou-se ao estudo da carta aos romanos e foi nessa época
que ele elaborou os princípios “só Cristo”, “só a graça”, “só a fé” e “só as
Escrituras”. Lutero, portanto, não chegou às suas conclusões pela via
humanista, mas pela reflexão teológica. Ele foi convencido pelas Escrituras.
Com isso colocou novamente a Bíblia no centro do cristianismo. Ao questionar as
bulas do Papa e, conseqüentemente a pretensa infalibilidade deste, Lutero
atingiu o coração do sistema teológico que sustentava as ambições imperialistas
da Igreja Medieval.
Lutero dedicou
a maior parte de suas reflexões à Bíblia. Foi desse intenso estudo que surgiram
suas teses. Ele leu a Bíblia sem medo de ser questionado por ela, antes
deliberadamente se expôs ao juízo das Escrituras e estas lhe provocaram
transformações pessoais de âmbito espiritual mas, também, de profundo alcance
comunitário. Ou seja, Lutero foi convertido a Jesus, porém as conseqüências de
sua conversão não se limitaram ao seu interior, elas o extrapolaram e ganharam ambiente social.
A reação do Papa Leão X as 95 teses
Após fixar as
95 teses na igreja de Wittenberg, Lutero enviou cópias aos bispos da Mogúncia e
Brandenburgo.
Ao tomar
conhecimento das teses o papa Leão X
solicitou ao líder da ordem agostiniana para que convencesse Lutero a se
calar. A reunião da ordem foi realizada em Heidelberg em 1518, mas produziu
resultado inesperado pelo Papa: os monges agostinianos, companheiros de Lutero,
se entusiasmaram com as teses e solicitaram que ele produzisse um texto
esclarecendo melhor cada uma delas. Foi em resposta a essa solicitação que
Lutero escreveu as Resoluções sobre a
virtude das indulgências que publicou em agosto de 1518, com dedicatória ao
Papa Leão X.
Lutero em Augsburgo
Houve uma
sensível queda na venda de indulgências. Nessa ocasião Alberto de Brandenburgo
encaminhou ao Papa uma denúncia contra Lutero. Imediatamente, em 07/08/1518,
Lutero foi convocado a se apresentar em Roma no prazo de sessenta dias para se
defender das acusações de “heresia e obstinação” (BUSS, in: Lutero, 1990, p.
21). Por intervenção de Frederico, eleitor da saxônia, Lutero foi ouvido na
Alemanha, e não em Roma, como queria o Papa. Em outubro, portanto, Lutero se
encontrou com o Cardeal Caetano em Augsburgo onde se esperava, a retratação
pública do Monge, o que não aconteceu.
A trégua
O Vaticano,
então, enviou Karl Von Miltitz, secretário particular do Papa, à Saxônia, para
tentar convencer Frederico a entregar Lutero à Igreja. O objetivo era fazer
Lutero se retratar de suas afirmações ou convencê-lo a se calar. O secretário
do Papa ouviu Frederico e depois Lutero. Este concordou em não mencionar mais a
questão das indulgências se, também seus adversários não mais o atacassem. E
manteve-se, realmente, algum tempo em silêncio.
Polêmica em Leipzig
Porém, um
sujeito chamado Eck, habilidoso no manejo da polêmica, publicou um texto
desafiando Lutero para um debate. Apesar da insistência dos amigos de
Lutero que o aconselhavam a não
responder àquelas provocações, o debate ocorreu em Leipzig entre Junho e Julho
de 1519. O tema abordado foi de um lado, a autoridade do Papa e da Igreja
defendidos por Eck. Do outro lado, a absoluta autoridade das Escrituras
defendida por Lutero.
Nesse debate o
Dr. Martinho Lutero afirmou que, ao longo da História, papas e concílios haviam
cometido muitos erros. Essa declaração produziu grande insatisfação no Papa.
Assim, por ter questionado, abertamente, a autoridade da Igreja e do Papa, Lutero recebeu em 02 de Outubro de
1520, a
bula Exsurge Domine que o excomungava da Igreja de Roma.
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