sábado, 25 de maio de 2013

Tópicos de História da Igreja - A Reforma do Século XVI e o surgimento das denominações protestantes

A Reforma se desenvolveu como resultado de um processo que tem sua origem no séc.XV  e vai até o XVI (entre os anos 1450 e 1600).

O Renascimento
Embora a escolástica tenha se desenvolvido entre os séculos IX e XV, sua influência durou toda a Idade Média.
Ø  A Escolástica (também chamada filosofia cristã) – Em linhas gerais, era uma tentativa de estabelecer uma visão do mundo e da vida baseada em conceitos teológicos. Era a “interpretação teológica de todos os problemas da vida”(Paul Tillich, p. 134, História do Pensamento Cristão).
Ø  No interior da escolástica se desenvolveram duas vertentes: a humanista e a científica.

Os Humanistas
Redescobriram os grandes sistemas da antiga cultura greco-romana (Filosofia, artes clássicas e moral.

Os Cientistas/naturalistas
Aprofundando conhecimentos da natureza, vão descobrir suas leis e, a partir daí, explicando certos fenômenos a partir de suas causas naturais e não de causas sobrenaturais como defendiam os escolásticos.

Essas duas correntes, no interior da Escolástica deram origem ao que ficou conhecido na História como RENASCIMENTO.  Suas elaborações provocaram a crise que no séc. XV e XVI, pôs fim à Escolástica e daí fez emergir o pensamento moderno estruturado na razão e não mais na fé.
A conjunção das pressuposições humanistas (marcadas pela “volta à filosofia, à moral e às artes clássicas") e científicas (caracterizadas pelas descobertas de novas leis da natureza), deslocou os valores na direção do homem. Isso produziu uma reorientação de sua confiança para a razão.
A reforma de Lutero se desencadeia nesse contexto onde já ocorria uma grande desconfiança em relação à igreja.

A Igreja Católica no séc. XVI
Crise Moral
Os Clérigos perdiam cada vez mais a autoridade moral; a corrupção era grande em todos os níveis da hierarquia.

A Igreja estava mais preocupada com as questões políticas e econômicas do que com assuntos espirituais. Os papas da época eram homens de guerra e constante mente envolvidos em disputas políticas.
·         A Igreja tornou-se grande proprietária de terras;
·         Usufruía de grande luxo
·         Tinha seu próprio exército e era uma força militar significativa ( Era religiosa no discurso e militar na prática)
·         Para angariar fundos recorria a expedientes duvidosos:
>Venda de relíquias sagradas;
>Venda de indulgências (perdão de pecados)
·         Pregações contraditórias: condenavam o lucro e a usura, porém, o Vaticano era o Banco central da época no mundo. Os bispos eram grandes emprestadores; e a igreja grande cobradora de dízimos.

A Situação Político – Econômica
Ø  Surgimento de um novo grupo de pessoas (artesãos, banqueiros, advogados, negociantes) que não estavam ligados a terra e nem estavam mais submissos a escolástica. Essa Burguesia em ascensão – vinculada à vida urbana e já influenciada pelos elementos humanistas e científicos - está começando a relativizar a autoridade da igreja.
Ø  Reis em confronto com a igreja católica em razão das interferências dos Papas nas questões políticas.
Ø  Uma população pobre que já não suportava a cobrança de dízimos.

Os interesses em jogo:
Ø  Os princípes – Autonomia política e diminuição de impostos e de olho nas terras da igreja.
Ø  Os burgueses – possibilidade de expansão de seus negócios e aumento dos lucros.
Ø  Os pobres/camponeses – meios básicos para viabilizar a vida, eram alvo de persuasão religiosa para que aceitassem a dominação.

As críticas de Lutero à Igreja já podem ser identificadas em seus escritos desde 1513 (comentário sobre os Salmos) onde ele critica as superstições; o culto aos santos e outras práticas que ele chamou de fábulas.
Em um sermão anterior a 1515, Lutero já falava do excesso de peregrinações, devoções, penitências. No comentário à Epístola aos Romanos – 1515/1516 ele fez preleções criticando o autoritarismo religioso, o luxo da igreja.
Ø  A viagem de Lutero a Roma em 1510 o deixa escandalizado com o luxo da Igreja. A vida desregrada dos altos clérigos e sua impiedade o impressionaram.

As indulgências datam do séc. XIII
Ø  Os papas Bonifácio VIII em 1300 e clemente VIII em 1350 deram um valor desmedido às indulgências.
Ø  Em1476, Xisto IV – determinou que um donativo em dinheiro associado a uma prece poderia transmitir uma graça especial a um determinado morto na intenção de que eram feitas (o donativo e a prece)
Ø  Em 1507 Júlio II  - resolve autorizar a venda de indulgências para angariar recursos para (re)construção da Catedral de S. Pedro em Roma e financiar a guerra contra os turcos.
Ø  Em 1511 – Leão X confirma essa decisão.

A Reforma protestante do século XVI
> Se configurou em três grandes movimentos reformadores:

1) A reforma luterana de 1517
Ø  O dia 31/10/1517 ficou conhecido como o marco inicial da reforma, pois foi nessa data que Lutero teria afixado suas 95 teses na porta do castelo de Witemberg.
Ø  A reforma Luterana desencadeou-se no reinado de Carlos V, na época com poderes sobre a    Espanha, Alemanha e Países Baixos.

A Alemanha era constituída, na época, por vários pequenos reinos que eram dirigidos por príncipes denominados “Eleitores” com grande independência.

As ênfases Luteranas:
Ø  A autoridade da escrituras;
Ø  Sacerdócio universal de todos os crentes;
Ø  Salvação pela fé somente em Cristo;
Ø  Livre exame das Escrituras;
Ø  Somente a graça – Deus aceita as pessoas não pelos seus méritos, porque ninguém os tem, é somente pela graça, pela misericórdia que ele nos aceita.

 2) A reforma calvinista
Ø  Começou na Suíça a partir de 1522 sob a liderança de U. Zwinglio foi mais radical que a Reforma luterana, acabou com tudo o que lembrava a igreja católica.

As ênfases Calvinistas:
Ø  manteve as teses luteranas e deu outras ênfases:
Ø  A predestinação
Ø  A perseverança dos Santos
Ø  Soberania de Deus

3) A reforma anglicana
Henrique VIII, rei da Inglaterra, era casado com Catarina de Aragão com quem não tinha filhos; conhece Ana Bolena. Desejando divorciar-se de Catarina para casar-se com Ana procura líderes da Igreja Católica que não abençoam tal procedimento. Henrique, então, rompe com a Igreja Romana. A partir de 1525, Henrique VIII separa de Roma a Igreja da Inglaterra. O interesse por Ana Bolena não era apenas sentimental, mas também político.

As reformas de Lutero, Zwinglio e Calvino alcançaram parte da Alemanha, a Suíça, França e Escócia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário