“Um
dos que estavam ali era paralítico fazia trinta e oito anos.” (João 5:5)
O texto de João 5:5
integra a narrativa sobre o tanque de Betesda. Estava ali um homem que havia 38
anos esperava que algo acontecesse naquele lugar e que alguém se dispusesse a
levá-lo até o lago onde receberia a cura. Uma vida inteira baseada numa ilusão,
já que se tratava de uma crença popular (crendice seria mais apropriado) que em
38 anos jamais se confirmara.
O
homem era portador de uma deficiência física. Ao observar tantas pessoas com
deficiência física realizarem coisas extraordinárias, estou convicto de que
este não é o principal problema que tem paralisado muitas pessoas na atualidade.
Trata-se da paralisia espiritual e emocional a que se entregam à espera que alguém, ou alguma circunstância as motive
a sair de seu lugar.
Por
vezes ficamos assim como esse homem paralisados
e apresentando desculpas para nossa falta de iniciativa ou de decisão sobre
fatos relativos a nossa vida. Esperamos que pessoas ou circunstâncias mudem
para então seguirmos em frente. Há
pessoas que se tornaram especialistas em apresentar desculpas para suas
dificuldades e escondem suas fraquezas e medos atrás de pessoas ou
circunstâncias.
Durante
38 anos aquele homem acordou diariamente pensando “hoje alguém vai me ajudar a
chegar às águas primeiro e, então, serei curado.” Foi no meio dessas cogitações
que Jesus encontrou-o e lhe fez uma pergunta que nos parece supérflua
inicialmente, porém, naquela situação fez todo sentido: “Você quer ser curado?” Após
tanto tempo era necessário romper com aquele ciclo de desesperança, ilusão e
frustração. Mas, há pessoas que já estão tão acostumadas à sua “paralisia” que
se tornaram dependentes dela para viver. Não buscam outro rumo porque sua vida
se tornou tão vazia que a única coisa que traz algum sentido, ou motivação para
viver mais um dia, é agarrar-se a esse discurso mórbido da autovitimização para
justificar sua vida banal.
A
pergunta de Jesus é um chamado à nossa consciência que exige uma resposta, pois
se não houver uma tomada de posição pessoal nem mesmo Ele poderá fazer algo por
nós (cf. Mt 13:58). É uma maneira de Jesus fazer-nos olhar para nós mesmos e percebermos a
dimensão e a profundidade da doença de nossa alma e o quanto realmente desejamos
a cura: deixar de ser “coitadinho”, sair da cultura da autopiedade. Tornar-se
livre para dirigir a vida sem que seja guiado pela vontade de terceiros ou
pelas circunstâncias. Deixar-se guiar e orientar apenas por Jesus de Nazaré
estabelecendo um novo projeto de vida. Aprender a viver bem apesar das
circunstâncias limitadoras a que a vida nos impõe. “Você quer ser curado?” A
pergunta de Jesus continua a ressoar procurando os ouvidos daqueles que
realmente desejam romper o ciclo da desesperança, e da apatia espiritual, “e começar a andar.”(Jo 5:9).
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