sábado, 31 de maio de 2014

Encontro em Betesda


“Um dos que estavam ali era paralítico fazia trinta e oito anos.” (João 5:5)

O texto de João 5:5 integra a narrativa sobre o tanque de Betesda. Estava ali um homem que havia 38 anos esperava que algo acontecesse naquele lugar e que alguém se dispusesse a levá-lo até o lago onde receberia a cura. Uma vida inteira baseada numa ilusão, já que se tratava de uma crença popular (crendice seria mais apropriado) que em 38 anos jamais se confirmara.
O homem era portador de uma deficiência física. Ao observar tantas pessoas com deficiência física realizarem coisas extraordinárias, estou convicto de que este não é o principal problema que tem paralisado muitas pessoas na atualidade. Trata-se da paralisia espiritual e emocional a que se entregam à espera  que alguém, ou alguma circunstância as motive a sair de seu lugar.
Por vezes ficamos assim como esse homem  paralisados e apresentando desculpas para nossa falta de iniciativa ou de decisão sobre fatos relativos a nossa vida. Esperamos que pessoas ou circunstâncias mudem para então seguirmos em frente.  Há pessoas que se tornaram especialistas em apresentar desculpas para suas dificuldades e escondem suas fraquezas e medos atrás de pessoas ou circunstâncias.
Durante 38 anos aquele homem acordou diariamente pensando “hoje alguém vai me ajudar a chegar às águas primeiro e, então, serei curado.” Foi no meio dessas cogitações que Jesus encontrou-o e lhe fez uma pergunta que nos parece supérflua inicialmente, porém, naquela situação fez todo sentido: “Você quer ser curado?” Após tanto tempo era necessário romper com aquele ciclo de desesperança, ilusão e frustração. Mas, há pessoas que já estão tão acostumadas à sua “paralisia” que se tornaram dependentes dela para viver. Não buscam outro rumo porque sua vida se tornou tão vazia que a única coisa que traz algum sentido, ou motivação para viver mais um dia, é agarrar-se a esse discurso mórbido da autovitimização para justificar sua vida banal.

A pergunta de Jesus é um chamado à nossa consciência que exige uma resposta, pois se não houver uma tomada de posição pessoal nem mesmo Ele poderá fazer algo por nós (cf. Mt 13:58). É uma maneira de Jesus fazer-nos  olhar para nós mesmos e percebermos a dimensão e a profundidade da doença de nossa alma e o quanto realmente desejamos a cura: deixar de ser “coitadinho”, sair da cultura da autopiedade. Tornar-se livre para dirigir a vida sem que seja guiado pela vontade de terceiros ou pelas circunstâncias. Deixar-se guiar e orientar apenas por Jesus de Nazaré estabelecendo um novo projeto de vida. Aprender a viver bem apesar das circunstâncias limitadoras a que a vida nos impõe. “Você quer ser curado?” A pergunta de Jesus continua a ressoar procurando os ouvidos daqueles que realmente desejam romper o ciclo da desesperança,  e da apatia espiritual, “e começar a andar.”(Jo 5:9).

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